LEAR, de William Shakespeare

Em Rei Lear, de William Shakespeare, existe um reino para dividir em três. Três são as filhas herdeiras e a cada uma caberá uma parte, tanto maior quanto a demonstração do seu afeto pelo rei. A premissa é simples e uma porta aberta à charlatanice. De um lado, um rei que procura comprar o amor de suas filhas. Do outro, duas filhas que não poupam em palavras doces e juras de amor eterno pelo rei. Cordélia, a mais nova, recusa-se a participar na farsa. Há um fim à vista e o rei tenta livrar-se do peso da gestão do reino, ao mesmo tempo que procura abrigo junto das filhas. Por um lado, a urgência na continuidade de um legado – o reino. Por outro, a necessidade de cuidados e proteção – a velhice.

Lado a lado e cúmplices na montagem da peça, António Capelo e Bruno Martins. O primeiro, ator, fundador e diretor da escola de teatro e companhia do Porto, e aqui: Rei Lear. O segundo, ex-aluno, se quisermos… antigo aprendiz, ator e diretor-artista da companhia de Famalicão, e aqui: encenador da peça.

Pela sala de aula do ator e professor António Capelo, passaram ao longo de trinta e dois anos de escola, centenas de artistas que povoam atualmente o panorama português. Muitos atores, alguns encenadores, dramaturgos, pedagogos, diretores de companhias, músicos… outros tantos seguiram caminhos diferentes, mas para quem a escola de teatro foi um ponto de viragem nas suas vidas.

A sala de uma aula de interpretação é uma espécie de cápsula com um espaço-tempo e gravidade diferentes. O simples ato de caminhar transforma-se, os joelhos não dobram como de costume, as pontas dos dedos das mãos insistem em apontar para o chão e os braços foram deslocados do tronco. A sala é de repente uma lupa gigante. Os olhos do professor observam-nos por detrás dessa lupa e cada gesto assume uma amplitude que desconhecíamos. É preciso voltar ao início e reaprender a andar, a falar, a simplesmente, estar. O professor de teatro transforma-se então numa espécie de mestre, de guia para a compreensão desse novo mundo que é o lugar de onde nos observam.

É chegada a hora de o aprendiz guiar o mestre por esse terreno acidentado que é a personagem Rei Lear, tal como o fiel servidor Kent guiou, no meio da tempestade, o seu amo Lear.

 

Classificação Etária: Maiores de 12 anos

Duração aproximada: 120 min.

 

DIGRESSÃO NACIONAL 2023

17 FEV – Teatro Cinema de Fafe
2 MAR – Cine-Teatro Garrett (Póvoa de Varzim)
10 MAR – Cine Teatro João Verde (Monção)
17 e 18 MAR – Casa das Artes de Famalicão
25 e 26 MAR – Casa da Cultura de Ílhavo

29 MAR a 7 ABR – Palácio do Bolhão (Porto)

 

 

 

 

Texto: William Shakespeare 

Encenação: Bruno Martins 

Assistência de encenação: Cláudia Berkeley e Hélia Martins

Dramaturgia: António Capelo e Bruno Martins 

Interpretação: Anabela Sousa, Ana Fonseca, António Capelo, Eduardo Breda, Inês Garcia, João Figueiredo, João Paulo Costa, Matilde Cancelliere, Paulo Calatré, Pedro Couto 

Ponto: Hélia Martins

Composição e Direção musical: Tiago Manuel Soares 

Cenografia: Catarina Barros 

Figurinos: Cátia Barros

Desenho de luz: Valter Alves 

Comunicação e Divulgação: Nuno Matos 

Fotografia: Paulo Pimenta

Direção de Produção: Glória Cheio e Raquel Passos 

Produção executiva: Rosa Bessa 

Direção técnica: Pedro Vieira de Carvalho 

Direção de Cena: Jessica Duncalf

Montagem e operação Luz: João Brito

Montagem e operação de Som: Tomé Lopes 

Mestre costureira: Maria da Glória Costa 

Coprodução: Teatro da Didascália, Teatro do Bolhão, Teatro Nacional D. Maria II, Casa das Artes de Famalicão

O Teatro do Bolhão é uma estrutura financiada pela Direção-Geral das Artes – Ministério da Cultura