Nos dias 13 a 15 de novembro, no Palco Online do Gerador (
gerador.eu) o Teatro da Didascália apresenta a versão em 360º do espetáculo Paisagem Efémera – natural e rural | 1º Ato.
Uma parceria estabelecida com o GERADOR*, torna agora possível a partilha deste trabalho que há já vários meses se encontrava em desenvolvimento.
No dia 15, pelas 14h haverá ainda uma conversa onde a equipa artística do Paisagem Efémera falará sobre o processo de criação e responderá a questões colocadas pelo público.
Contamos consigo, até breve!
*Para aquisição de bilhetes, consultem a página do gerador.eu
//
Apenas ampliamos
o que sempre esteve à vista de todos.
Os últimos meses foram passados a investigar as entranhas da freguesia de Joane. Nas primeiras semanas da pandemia, privados de apresentar ao público o primeiro ato desta aventura prevista para o mês de maio, enfiamo-nos nas nossas casas para criar um podcast que nos serviu de ferramenta para expressar publicamente a pulsação criativa inspirada pelos materiais recolhidos sobre a história de Joane. Foram dezenas de livros, páginas, muitas páginas de jornais antigos, entrevistas, visitas virtuais ao território através do Google Earth, e conversas com um painel de investigadores que nos falaram de geografia, botânica, história da arte, arquitetura e teologia.
Cada papel de jornal, cada conversa virtual gerou um impulso criativo que agora se revela sobre a forma de miragens no meio da paisagem. Esta peça está mesmo a acontecer, ou são os nossos olhos que projetam nos diferentes espaços do território uma miragem de uma cena possível? Ou pelo contrário, será a paisagem a projetar em nós possíveis cenários?
A imensidão daquilo a que chamamos espaço público, com todas as narrativas que este produz naturalmente nos espetadores que deambulam pelo percurso, circunscrevem as intervenções dos artistas a fragmentos, miragens criativas no meio da paisagem, discursos artísticos sobre o espaço. Discursos que umas vezes nos falam de especificidades da geografia do território, outras, das transformações de ordem social e económica que afetam as comunidades envolventes.
Algumas das nossas intervenções parecerão anacrónicas à vista dos mais desatentos. Afinando o olhar, descobre-se que afinal os artistas apenas ampliaram o que sempre esteve à vista de todos.
No teatro, associamos muitas vezes as estreias a um parto. Será com certeza um exagero, mas quase nove meses passados desde que iniciámos o processo de pesquisa em fevereiro, só nos apetece dar à luz! Foi uma longa gestação que passou por várias fases: a fase encantatória pelo desconhecido e a excitação face às primeiras descobertas; a instabilidade emocional de um longo período de pesquisa que te faz questionar sobre todas as decisões tomadas; as mãos suadas que denunciam o nervosismo e a insegurança quanto ao futuro. Talvez não seja assim tão exagerado comparar uma estreia a um parto.
Bruno Martins
direção artística
Agradecimentos: André Miranda, António Costa, Bruno Matias, Bruno Moreira, Bruno Vieira, Conceição Ribeiro, Custódio Oliveira, D. Amélia, D. Lurdes, Eduardo Brandão/TUP, Henrique Ferreira, Joaquim Alves, José Ribeiro, Kebab de Joane, Lara Martins, Mafalda Vieira, Marco Castro, Marcos Barbosa, Maria de Lurdes Martins, Padre Avelino dos Santos Mendes, Quiosque Central de Joane, Raquel Carvalho, Sérgio Cortinhas; Sr. Semião Martins Silva e Vítor Brandão.