conversa II – Fábrica e vidas que se tecem

20210329 19:00:00

Conversas ao pé da porta (online)

Fábrica e vidas que se tecem, será o tema da segunda conversa.

Link para a conversa em direto aqui

Partilhando algumas reflexões no âmbito da sua pesquisa de doutoramento na área da antropologia, Mariana Rei fala-nos de memórias e trajetórias de vida de antigos operários-migrantes de uma fábrica têxtil do concelho de Guimarães. Mediante a recolha e análise em curso de histórias de vida, de forma articulada com outras metodologias, procura compreender a centralidade das esferas do trabalho e das migrações na estruturação das suas experiências e conceções de vida, na perspetiva dos próprios agentes, enquadrando-os como seres políticos.
Estas reflexões enquadram-se no pensamento de diferentes autores que entendem a economia de uma forma alargada, a partir de uma abordagem das práticas económicas a partir “de baixo” e considerando as questões de valor e do tempo implicadas na busca por uma “vida melhor” das classes populares, face às narrativas em torno do “fracasso” associadas ao operário-migrante do noroeste português, associadas a visões economicistas da emigração ou pelo conservadorismo das classes trabalhadoras, bem como à pobreza e miséria que assolava grande parte da população em Portugal antes dos anos 1960.

Convidada: Mariana Rei

Investigadora integrada no Instituto de História Contemporânea (IHC – NOVA FCSH), frequentando o Doutoramento em Antropologia – Especialização em Poder, Resistência e Movimentos Sociais na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (NOVA FCSH). É Mestre em Antropologia – Especialização em Culturas Visuais (2015, NOVA FCSH) e licenciada em Design (2006, Universidade de Aveiro). Integra a Rede Iberoamericana Resistência e Memória (RIARM) e, desde janeiro de 2020, o projeto “FAILURE: Reversing the Genealogies of Unsuccess, 16th-19th Centuries” (H2020-MSCA-RISE, Grant Agreement: 823998). Tem desenvolvido pesquisa sobre as memórias do trabalho e das migrações de antigos operários têxteis do Vale do Ave, mediante uma abordagem antropológica, próxima de outras áreas disciplinares, como sejam a história ou as culturas visuais. No âmbito do Doutoramento tem-se debruçado sobre o contexto de Guimarães e Roubaix/Tourcoing, no norte de França, no quadro da vaga de emigração dos anos 1960-70 em Portugal. O seu trabalho final de mestrado encontra-se publicado desde Abril de 2016 com o título “Do Operário ao Artista. Uma etnografia em contexto Industrial no Vale do Ave”.

https://ihc.fcsh.unl.pt/mariana-rei/

 

Conversas ao pé da porta

Fizemos um primeiro ciclo destas conversas em abril e maio de 2020, em pleno confinamento, quando deveríamos estar no terreno em ensaios e apresentações do Paisagem efémera – natural e rural em Joane. Não podíamos sair do pé da porta. Este ano retomamos as Conversas ao Pé da Porta* pela vontade de conversar com os vizinhos, com aqueles que caminham a mesma rua que nós e com quem ainda não nos tínhamos cruzado.

A propósito agora do Paisagem Efémera – industrial e urbano em Riba d’Ave, o Programa de Mediação do Teatro da Didascália volta a chamar à conversa entendidos nas matérias. Desta vez, teremos um caminhante de paisagens, uma médica de comunidades, um investigador / respigador de imagens, uma antropóloga do trabalho e um realizador / documentarista. Estes conversadores irão ajudar a equipa artística  a maturar o pensamento crítico e alargar as possibilidades de olhar mais uma vez como pela primeira vez o seu território de trabalho.

*Todas as conversas serão acompanhadas por interpretação em língua gestual portuguesa