“O vendedor de rebuçados apresenta-se indecentemente descalço”
Esta criação, no campo do cinema documental, incide sobre a memória cinematográfica de São João da Madeira, uma terra com pouco mais do que oito quilómetros quadrados mas que chegou a ter três cinemas em simultâneo em meados do século passado.
Começámos o processo com uma componente mais teórica, onde os participantes foram entrando no conceito do documentário, tanto através da visualização de alguns filmes como da discussão dos mesmos.
Em conjunto, fomos construindo o projeto de um filme, partindo da ideia de um cinema desaparecido que, após vários anos fechado, se transformou numa sala de espectáculos. Onde paravam essas memórias dos primeiros filmes que viram, das primeiras imagens que sonharam? E o poder do cinema na transformação do indivíduo e na noção de censura e de liberdade? Onde estava a importância do cinema numa vila operária que aguardava, entusiasticamente, pelo próximo filme? Onde andava o Sr. Luís, o último projecionista do Imperador que chegou a viver dentro do próprio cinema? Ele e estas questões tornaram-se participantes e protagonista deste filme.
Juntos, construímos cenários com materiais usados da casa, pegámos nas cadeiras originais do Cine-teatro Imperador e voltamos a sentar ali os protagonistas trazidos pelos participantes deste projecto. Juntos, filmámos os restos do cinema desaparecido e usámos arquivos recolhidos durante anos pelo professor Daniel Neto.
No presente, encontramo-nos no Mês do Jazz e então convidámos músicos para se juntarem a nós, ao vivo, na apresentação deste filme concerto, feito pela comunidade e para a comunidade.
“O vendedor de rebuçados apresenta-se indecentemente descalço” é um cine-concerto criado para a Casa da Criatividade no âmbito do projeto INTERFERÊNCIAS 1.0
FICHA ARTÍSTICA
Direção: Pedro Neves
Participantes na realização: Aldina Valente, António Francisco Sousa, Cátia Cardoso, Celeste Cerqueira, Cláudio Oliveira, Daniel Neto, Gonçalo Moreira, Inês Brás, Inês Pinho, José António Pinho, Lis Pereira, Luís Ferreira, Maria Costa, Mariana Gomes, Natália Correia, Tomás Barros e Verónica Pinho.
Protagonistas: Aldina Valente, Aldísio Costa, António Francisco Sousa, Armando Lima, Cândido Silva, Daniel Neto, Irene Alves, José António Pinho, Luís Ferreira e Sandra Santos.
Músicos: André Soares e Pedro Alvadia – Escola de Música Arte do Som.
Projeção de Vídeo: José Nuno Lima
Créditos de cedência de imagem e materiais: Espólio particular de Daniel Neto, Espólio da Casa da Criatividade, Espólio do acervo da Casa da Criatividade instalado no Museu da Chapelaria e Espólio do Sindicato dos Operários da Indústria de Calçado, Malas e afins.
Agradecimentos: Daniel Neto, Cine-S.João, Escola de Música Arte do Som, Inês Brás, Museu da Chapelaria e Unidade Logística e Operacional da Câmara Municipal de S. João da Madeira.
Teatro da Didascália
Direção: Bruno Martins e Cláudia Berkeley
Coordenação INTERFERÊNCIAS 1.0: Vera Santos
Produção: Anaïs Proença
Direção Técnica: Valter Alves
Registo de Vídeo: Os Fredericos
Casa da Criatividade
Coordenação: Gisela Borges
Logística de Produção: Sandra Santos
Produção e Redes Sociais: Inês Brás
Apoio técnico: Diogo Lopes, Marcelo Ribeiro e Filipe Azevedo
Município de S. João da Madeira
Entidades participantes: Casa da Criatividade, Museu da Chapelaria, Museu do Calçado
Coordenação INTERFERÊNCIAS 1.0: Gisela Borges, Joana Galhano
Design Gráfico: Rúben Vides
Comunicação: Tiago Fontela
INTERFERÊNCIAS 1.0 é um projeto no âmbito do Programa Cultura para Todos, desenhado pela Divisão da Cultura e pela Ação Social do Município de S. João da Madeira e desenvolvido pelo Teatro da Didascália. Entre dezembro de 2020 e julho de 2022 realizam-se 5 processos de criação artísticas em torno da identidade e pertença da comunidade e do território. Em maio e julho de 2021 foram criadas duas obras, uma no Museu do Calçado e outra no Museu da Chapelaria, agora é a vez da Casa da Criatividade.