ARREDIA – Mariana Guarda | Artista em residência

2025

Novembro 21, 2025

fAUNA


Novembro 27, 2025

fAUNA


ARREDIA é um projeto da artista Mariana Guarda e nasce como um regresso à terra após um longo afastamento. Em fase embrionária, este objeto performativo e visual é concebido para espaços não convencionais, onde um corpo solitário se confronta com a imensidão do espaço natural. Um solo que entrelaça teatro, cinema e registo documental, convocando o corpo como lugar de memória e a paisagem como arquivo vivo.

O ponto de partida reside nos ensinamentos populares transmitidos pela sua avó, ligados à flora do Norte: gestos de cuidado, maneiras de colher, nomear e proteger. Esses saberes, sobreviventes no corpo mas ausentes no quotidiano urbano, reaparecem aqui como necessidade, urgência de religação à origem.

ARREDIA integra vídeo e performance ao vivo, cruzando imagens recolhidas em viagem com a presença física da intérprete. A justaposição entre corpo e imagem explora as fissuras entre o que se lembra e o que se esqueceu, entre o visível e o subterrâneo. O tom documental do vídeo confronta-se com a experimentação do corpo – um corpo que observa, hesita e se orienta como quem regressa a uma língua quase perdida.

Este projeto estabelece-se como a primeira parte de um díptico. A segunda parte, atualmente em produção com apoio da GDA (2024), é uma curta-metragem centrada no reencontro de uma família de mulheres da Beira Alta – mulheres unidas por raízes invisíveis, tensas e ancestrais – onde se reflete sobre heranças emocionais: aquilo que nutre, aquilo que consome.

Mariana Guarda é actriz, criadora e produtora que tem trabalhado entre teatro e cinema, procurando esbater as fronteiras entre as diversas formas de se pensar e reflectir o mundo de que faz parte. Tem especial atenção por plantas e pelas relações simbióticas que promovem entre si, fruto de uma relação próxima com a sua avó materna.

Licenciou-se em Cinema (Produção e Fotografia) e em Teatro (Formação de Actores), ambos na Escola Superior de Teatro e Cinema.

Em teatro, colaborou como actriz com Teresa Coutinho (SOLO, Peço a Palavra e O Fim Foi Visto), Mário Coelho (É Difícil para Mim Dançar!, Vai Ficar Tudo Bem!, Se te Portares bem, vamos ao McDonalds!), Pedro Baptista (Anima), Ricardo Neves-Neves (MotelQT), Jean-Paul Bucchieri, Bruno Bravo, Álvaro Correia Maria João Vicente e Carlos J. Pessoa.
Em cinema destaca o projecto Diálogos Depois do Fim, de Tiago Guedes. Em Televisão integrou o elenco de 3 Mulheres (RTP/ David&Golias) de Fernando Vendrell.

A par do trabalho como actriz, escreve e desenvolve projectos tanto em cinema como teatro. Em 2014 realiza o documentário Já Voa a Palavra Casa, sobre um conjunto de pessoas com doença mental que partilha a vida numa casa na cidade de Setúbal, a partir daquele que foi um projecto pioneiro do SNS. Em 2019 escreve e realiza a sua primeira curta-metragem de ficção A Monte, com estreia na Competição Nacional do Festival Porto Femme em 2021, passagem por Aveiro, Viseu, Rio de Janeiro e Roménia e mais tarde selecionado para a Competição Novíssimos do IndieLisboa 2022.
Também nesse ano, estreia a sua primeira criação de teatro, TARA, no CAL | Primeiros Sintomas, em Lisboa, um espectáculo auto-biográfico que escreve e interpreta sobre a sua educação, a cozinha como lugar central na vida da Mulher ao longo dos tempos e a relação com as mulheres da sua família.
Actualmente encontra-se a trabalhar o díptico Sai daí, vai para onde há vivos – performance e curta metragem acerca da relação entre as raízes familiares e as raízes das plantas.

Trabalha em produção, vídeo e operação de câmara em espectáculos de Teresa Coutinho, Aurora Negra, Mário Coelho, Mariana Fonseca e SillySeason. Faz assistência de encenação a A Gente Na Boate Sofre Junto de Diego Bragà e I’m Still Excited! de Mário Coelho e é produtora executiva do espectáculo Peço a Palavra, de Teresa Coutinho.