Os ténis eram brancos. Caminhei. Num ritmo que não sei bem qual era. E quando quis parar. Alguém gritou: “Corre.” Os ténis já́ não eram assim tão brancos. Não sei bem de que cor eram. Não tive tempo de parar. Corri. As Pernas? Já́ não as sentia. Não sabia que podia parar. Parar? Não sabia o que era. Ouviram parar. Gritaram: “Não podes parar. Corre mais. Mais.” Corri. De resto pouco me lembro. Os ténis já́ não eram brancos. Já́ não tinham sola. Acho eu. Não reparei bem. Tinha de correr. Só́ me lembro de correr. E de pensar que os ténis. Brancos. Eram. E tinham sola. Ouviram-me a pensar e gritaram: “Tens de chegar. Corre.” Eu corri. Já́ não tenho ténis – Gritei eu. Mas eu corro.